quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Biografia dos Lugares

"Flider's Green, que nome estranho para alguém", diz Matthew, um corvo falante.
"Alguém, não. Onde!", responde Flider's Green: "Eu não sou alguém, sou um Lugar".

O Grito de Edward Munch
Este diálogo, saído de Sandman (Neil Gaiman), uma história em quadrinhos muito popular, traz a ambiência necessária para falarmos de "espacialidade". O termo tem muitos significados, mas vamos deixá-lo abrangente, leve, meio solto, porque se perdemos em precisão, ganhamos em imaginação. Afinal, a espacialidade é mais do que uma condição da existência, é uma potência espiritual!
Quero, aqui - no momento em que você lê, o seu agora - convidá-lo a viver a espacialidade! Sentir, mesmo que nas coisas miúdas, ou até fora do tempo, esta potência, que ganha vida no encontro entre o ser humano e isto que chamamos de mundo, embora não tenhamos muita clareza do que queremos dizer por "mundo".
A espacialidade não é o mundo, mas sem ela sequer era possível falar de mundo. Porque podemos estar com "todo o mundo", mesmo que estejamos num lugar, persistindo a espacialidade. Podemos estar juntos e, ao mesmo tempo, sozinhos - terrivelmente sozinhos a ponto de gritar - ainda assim persiste a espacialidade, esta autoprodução entre nós e a extensão além.
Da série de pintura "Atlas" de Fernando Vicente
Aqui, vou propor não uma viagem espacial, mas viagem pelo espacial - desde nossos cantos secretos até a distância infinita que não podemos alcançar com as mãos, apenas com palavras, como o mundo!
A ideia é simplesmente fazer do aqui, um encontro possível, só possível a partir da construção de uma espacialidade, necessariamente movente, fluente, escapável, sem uma duração que não seja a troca e o voo do pensamento.
Realizar pequenos momentos densos de troca, experimentar extensões incontidas ou simplesmente acessar o outro em sua trajetória virtual diária, esguia. Fazer do aqui - no seu agora - um LUGAR VIRTUAL, no sentido mais pleno e múltiplo do conceito. Geografar nossos destinos, geobiografar, tarefa impossível e inesgotável, cuja única alternativa é assumir o impossível, ser inesgotável.
Nem só razão, nem só fé para compreender a espacialidade...
"É infrutífero falar da contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade" (G. K. Chesterton, o Flider1s Green real).
Esta potência que vivemos, Homo Tractus é nossa comunidade de destino - seja qual for o caminho que escolhermos, tudo muda, a constante é o caminho.


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